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A Fonte
Além de inspirada por Deus, toda Escritura é extremamente útil (2 Tm 3.16). A Bíblia fornece alimento para o espírito: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4, citando Dt 8.3). Ela gera conhecimento, fé, convicção e esperança. Ela promove comunhão com Deus e comunhão com os homens. Ela produz conforto em meio a lágrimas e angústias. Ela repreende e corrige, “a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.17). Ela serve de ponto de apoio em situações adversas: “Sob a tua palavra lançarei as redes” (Lc 5.5).
Ela exerce influência poderosa nas tomadas de decisão. Ela cria uma mentalidade religiosa. Ela se acomoda nos porões do subconsciente e forma uma bagagem de valor inestimável, que aflora naturalmente nos momentos mais necessários.
A prática da leitura da Palavra de Deus é a arte de procurar o Senhor nas páginas das Sagradas Escrituras até achar, de enxergar toda a riqueza que está por trás da mera letra, de ouvir a voz de Deus, de relacionar texto com texto e de sugar todo o leite contido na palavra revelada e escrita, tanto nas passagens mais claras como nas passagens aparentemente menos atraentes, mediante uma leitura responsável e o auxílio do Espírito Santo.
Para ser altamente proveitosa, a leitura da Bíblia depende da qualidade do empreendimento, que se consegue depois das seguintes providências:
1. Ler. Percorra com a vista o que está escrito, proferindo ou não as palavras. Tome conhecimento do texto: “Buscai no livro do Senhor e lede” (Is 34.16). O rei de Israel deveria escrever um tratado da lei do Senhor para ler todos os dias da sua vida (Dt 17.18-20).
2. Meditar. Meditar é mais do que ler. Examine o texto lido. Reflita sobre ele. Gaste algum tempo para ficar por dentro da mensagem que o texto encerra. Veja a disposição do salmista: “Os meus olhos antecipam-se às vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras” (Sl 119.148). Só neste salmo, o verbo meditar aparece seis vezes. Aquele que medita na lei do Senhor de dia e de noite “é como árvore plantada junto a corrente de águas” (Sl 1.3).
3. Memorizar. Meta na cabeça o que você leu e meditou. Entregue-o à memória, retenha-o, não o deixe escapar. Decore, se não as palavras, pelo menos a mensagem do texto lido.
Guarde-a na despensa interior. Veja o propósito do salmista: “Induzo o coração a guardar os teus decretos, para sempre, até ao fim” (Sl 119.112). Para precaver-se do pecado, o jovem deve conservar dentro de si os mandamentos de Deus e escrevê-los
na tábua de seu coração (Pv 7.1-3).
4. Inculcar. Enfie bem para dentro a Palavra de Deus. Coloque-a nas entranhas, “no mais íntimo do teu coração” (Pv 4.21). Torne-a propriedade pessoal. Provoque uma impregnação da Sagrada Escritura em todo o seu ser. Era isto que Israel tinha de fazer com as crianças: “Estas palavras que, hoje, te ordeno [...] tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te” (Dt 6.6-9).
5. Conferir. Compare texto com texto. Não só para descobrir o sentido exato da passagem lida, mas também para enriquecer o seu conhecimento de toda a Escritura, consultando outras passagens paralelas. Por exemplo, digamos que você esteja lendo a Epístola de Paulo a Tito e encontre a frase: “Estas coisas são excelentes e proveitosas” (Tt 3.8). A partir daí você pode descobrir várias coisas excelentes ao correr da Bíblia: o mais excelente nome (Hb 1.4), o mais excelente sacrifício (Hb 11.4), o mais excelente óleo (Am 6.6), o mais excelente caminho (1Co 12.31), a excelência do episcopado (1Tm 3.1), o espírito excelente de Daniel (Dn 5.12) e a menção a Rúben, “o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder”, contudo “impetuoso como a água” (Gn 49.3-4). Ora, esse esforço é altamente compensador. Esclarece, edifica, enriquece e lhe dá uma visão global das Escrituras.
6. Lembrar. Aprenda a fazer uso prático do que foi guardado na memória e nas entranhas. Retire do computador o que já foi digitado, retire do banco o que já foi depositado, retire da despensa o que já foi armazenado, e sirva-se à vontade. Você nunca vai ficar na mão, sem assistência, sem tratamento, sem pão. É só lembrar e aplicar. É nesse sentido que Jesus disse: “Lembrai-vos da mulher de Ló” (Lc 17.32). Fez muito bem a Pedro lembrar-se de que Jesus lhe dissera: “Hoje três vezes me negarás, antes de cantar o galo” (Lc 22.61).
Sugestões
Por causa do temperamento, do estilo pessoal de ler e de estudar e da disponibilidade de tempo, cada um deve descobrir e adotar a maneira própria mais indicada de ler a Bíblia. Os métodos alheios servem apenas de exemplos. Todavia, considere mais estas sugestões:
1. Reserve a hora mais propícia do dia para ler a Bíblia. Isso varia muito de pessoa para pessoa. Seja exigente nesse sentido e evite a hora menos propícia.
2. A preocupação maior deve ser com a qualidade da leitura, e não com a quantidade. Você não precisa ler a Bíblia durante o ano, mas precisa ler a Bíblia com proveito o ano inteiro.
3. Procure ler toda a Bíblia – não necessariamente de Gênesis a Apocalipse. Leia grupos de livros: os livros poéticos, as Cartas de Paulo, os Profetas Menores, o Pentateuco, os quatro Evangelhos, os livros históricos e assim por diante. Para seu controle pessoal, marque a data do início e a do final da leitura de cada livro.
4. Sublinhe o que você achar mais interessante. Faça pequenas notas às margens ou em um bloco à parte. Por uma questão de ordem, é bom numerá-las. Uma numeração para cada livro lido. O esforço de escrever as notas torna a leitura e a meditação mais sérias e ajuda a memorizar as lições aprendidas.
5. Use a Concordância Bíblica da Sociedade Bíblica do Brasil, baseada na Edição Revista e Atualizada no Brasil da Tradução de João Ferreira de Almeida, para conferir escritura com escritura.
6. Havendo tempo, quando necessário, consulte outras versões em português (ou outras línguas) e a paráfrase A Bíblia Viva (BV), para entender melhor o texto e fugir da rotina de uma mesma tradução a vida inteira. Além da tradução de Almeida (Edição Revista e Atualizada – RA), a mais usada, você pode recorrer às antigas traduções de Figueiredo (BF) e Tradução Brasileira (TB) e às mais recentes, Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH) e Nova Versão Internacional (NVI). Entre as traduções católicas, destacam-se: A Bíblia de Jerusalém (BJ), Bíblia do Peregrino (BP), Tradução Ecumênica da Bíblica (TEB) e Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
7. Só consulte as notas de rodapé, comentários e dicionários bíblicos depois do esforço próprio de entender o texto. Evite a preguiça mental.
8. Peça sempre o auxílio do Espírito Santo para entender as Escrituras e se beneficiar delas, seja por meio de uma pequena oração ou por meio de uma atitude de dependência e humildade. É o Espírito quem levanta o véu e deixa você ver a riqueza toda que está por trás da mera letra.
Nota: Artigo adaptado do capítulo 01 de Práticas Devocionais
Fonte: Ultimato